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Esta é uma exposição de desenhos fora do habitual território das Belas Artes. É dedicada aos diversos usos e funções que o desenho corporiza dentro da Universidade do Porto, nomeadamente nas cha- madas áreas CTEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). É, por isso, uma exposição em que o desenho se apresenta na sua ancestral ligação ao território da visualidade: o desenho é um modo de tornar visível, de comunicar o que é (ou pode ser) do domínio do visual; de tornar evidente, de nos ajudar a ver e, portanto, a entender.
É essa constituição do desenho, como uma ferramenta imprescindível para construir a visualidade, que o torna, por um lado, um instrumento democrático (acessível a todos) do uso da linguagem e, por outro, o ca- racteriza como meio disponível e eficaz, que pretendemos mostrar, sem virtuosismos, sem “habilidades” ou competências especiais.
Esta mostra é o resultado de um levantamento, recolha, seleção e organização de desenhos produzidos por diversos autores (estudantes, docentes e investigadores), em diversos contextos (de aprendizagem, de ensino, de comunicação, de projetação) e em diversas faculdades, departamentos, cursos e unidades de investigação da Universidade do Porto.
A recolha de desenhos aqui apresentada é parte integrante do projeto de investigação “DRAWinU – Desenhar entre fronteiras na Universidade: Aprendizagem, Investigação e Comunicação pelo Desenho na Universida- de”, com o qual se pretende estudar que competências e mais-valias pode o desenho potenciar e partilhar com as outras linguagens (escrita e matemática) de modo a constituir modos de ativação de indicadores perceti- vos, cognitivos e criativos quando usado nas diversas áreas científicas. No fundo, pretendemos saber se o desenho existe, como existe e para quê existe no universo da universidade.
Do microcosmo da biologia à amplitude da morfologia da cidade, dos vestígios do passado (arqueologia, geologia) à construção do futuro (arquitetura, engenharia e ciências), o desenho existe, expresso sob diversos nomes e em diferentes formas, intenções e meios (anotações, diagramas, esquemas, rascunhos e ilustrações variadas), propiciando uma importante e transversal plataforma-comum de diálogo e entendimento entre os diversos interlocutores das diversas áreas científicas.
Esta exposição é sobre como pessoas de diversas áreas científicas pensam através do desenho (seja qual for o instrumento), como visualizam e como esse processo as ajuda a perceber, a resolver e a explicar: aos outros e a elas próprias.