Do Editorial:
(…) Neste livro, trazemos cinco conferências que procuraram apresentar uma diversidade de entendimentos sobre o território, expressas através das mais variadas formas a que chamamos, no sentido lato e até metafórico, de imagens. Haveria outros entendimentos, outras representações, e haveria outras imagens, todos tão válidos como os explorados, pois o tema é vasto e denso. (…) Começámos por apreender o caminho poético de um artista-caminheiro na sua corporização do território. Esse foi um caminho apontado pelo sulco que na sua memória ficou da experiência de corporização do território, tida pelos agricultores do Vale de S. José da Califórnia, durante a transformação que operaram nesse mesmo território.
Num segundo momento, explorámos o percurso dos procedimentos, técnicas e modelos de registo gráfico do território, desde um tempo mais empírico, muitas vezes carregado de simbolismos e de outras determinantes bem impositivas, até um tempo decorrente de uma crescente acuidade abstrata e científica.
O texto referente à terceira conferência aberta procurou mostrar como as práticas de desenho e construção do, e no, território articulam, inevitavelmente, diferentes, mas interdependentes saberes. E, embora o tivéssemos visto a partir da Geografia, a mais eclética convocatória de autores de referência, das mais diversas áreas do saber, foi propósito para ilustrar cabalmente o que procurava mostrar.
Um possível quadro acerca do entendimento que sobre o território tem quem governa e, de facto, quem decide, moldando-o, foi-nos trazido por um académico que pôde ter experiência governativa nas políticas de ordenamento do território. Por outro lado, sabendo-se que no momento das decisões políticas estarão presentes as representações dos governantes sobre o território, importou ao nosso convidado explorar os meios a que os especialistas podem aceder para melhor colaborar no processo conducente às tomadas de decisão.
Por fim, como bem escreveu o nosso convidado no título da sua conferência aberta, conheceremos do “contributo da Arqueologia”. Olharemos para participação do Desenho de Arqueologia, em geral, e nas principais escavações no âmbito do Campo Arqueológico de Mértola. Vimos como ambos podem alicerçar entendimentos sobre a História dos territórios.
No final do livro deixámos a debate os trabalhos executados pelos estudantes – o melhor testemunho dos problemas que se nos colocam. Pretende-se discutir o investimento que passa pela ação educativa e investigativa sobre o território, focadas na reunião de saberes, uma ação que edifique, ou que ilumine, sentidos transversais no conhecimento.
À entrada neste período de pandemia houve tempos que se alteraram, outros que se sobrepuseram, outros ainda que deixaram de existir, mas, também, outros que se criaram. No tempo tomado para a consecução deste livro houve a oportunidade de submeter e levar a debate a Unidade Curricular InovPed “Representações, Desenhos e Imagens do Território” da Universidade do Porto – uma experiência educativa centrada no território, olhado pelo Desenho – ao 7.º Encontro Internacional sobre Educação Artística (7ei_ea), em Cabo Verde. Com esse contributo, ganhou-se a oportunidade de recompor este editorial, contando com palavras de um outro escrito, uma nova reflexão.
Acresce ainda o importante facto de este ter sido também tempo em que se construiu, dentro do Departamento de Desenho da Faculdade de Belas Artes, um projeto de investigação, sediado no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (i2ADS) e denominado “DRAWinU – DRAWING ACROSS UNIVERSITY BORDERS – Learning, Researching and Communicating through Drawing in the University” [PTDC/ART-OUT/3560/2021]. A investigação, financiada pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, será levada a cabo por uma equipa pluridisciplinar e estendida por parcerias com outras áreas do saber.